De início temos que entender um pouco mais aprofundadamente como ocorre o ciclo menstrual.
Como o próprio nome diz, o ciclo menstrual é uma cadeia de eventos (ciclo), repetido todos os meses (menstrual).
Para que ele aconteça, vários hormônios se intercalam ao longo do ciclo tendo cada um a sua função específica.
O ciclo menstrual, normalmente variando entre 25 e 32 dias, com uma média de 28, é composto por três fases bem distintas: a fase proliferativa, a fase ovulatória e a fase luteínica.
CREEEEDO! Não se assustem. Vou explicar cada uma e vocês verão que de feio só tem o nome.
******Fase proliferativa:
O QUE É?
Chegou a "monstra", ou seja, começa aqui um novo ciclo.
Contando com baixos valores de progesterona e de estrogênio, o endométrio (camada mais superficial do interior do útero) se solta provocando o sangramento comum nesta fase, podendo vir com cólicas que, em tese, facilitam o processo de limpeza do útero.
Estimulada pela falta desses hormônios, a glândula pituitária (localizada no cérebro) começa a produzir e liberar na corrente sanguínea um hormônio chamado Folículo Estimulante (FSH - sigla em inglês).
Este hormônio, ao chegar nos ovários, estimula o desenvolvimento (ou proliferação) de vários folículos.
O folículo é uma espécie de bolsa onde, e em tese, se desenvolverá um ovócito (ou óvulo como mais comumente chamado).
Se você fizer uma ultrassom nesta fase, você verá um monte de bolinhas pretas nos dois ovários. Cada uma é um folículo. Podem surgir várias, sendo comum serem visualizados mais de 10.
Ao longo do tempo uma destas "bolinhas" vai começar a crescer mais que as outras e tomar a frente, produzindo outro hormônio, o estrogênio, que fará, na maioria das vezes, com que as outras regridam.
Este folículo crescerá bem rápido, produzindo cada vez mais estrogênio.
Por volta de 12 dias após a menstruação (num ciclo de 28 dias), outra glândula do cérebro, estimulada pelo estrogênio, injeta subitamente na corrente sanguínea uma grande quantidade de um outro hormônio, o LH (hormônio Luteizante). Esta ação finaliza a primeira fase do ciclo.
******Fase ovulatória
O QUE É?
Cerca de 2 dias após a descarga do LH, este hormônio fará com que aquele folículo "gigante" aumente a sua pressão interna e se rompa, expulsando tudo lá de dentro, incluindo o óvulo.
Neste momento a trompa (ou tuba) se desloca até o local e começa a sugar o material expulso do folículo.
O folículo, por sua vez, se transforma numa espécie de "ferida" de cor amarelada, todo enrugado, passando a ser denominado corpo amarelo, e agora produzindo um novo hormônio: a progesterona.
******Fase luteínica
O QUE É?
Após a expulsão do óvulo e formação do corpo amarelo começa então a fase em que o corpo lúteo permanece produzindo grandes quantidades de progesterona. Este hormônio tem duas funções principais:
a) espessar o endométrio de forma a "abrigar" um possível óvulo fertilizado (o mais correto seria embrião) e
b) "enganar" o sistema imunológico da mulher para que esta não "rejeite" o "invasor".
Esta fase dura, quase sempre, 14 dias. Por isso é melhor "prever" a ovulação do fim pro início do ciclo, pois a maioria das diferenças do ciclo ocorre na fase proliferativa.
Caso haja uma fertilização, o embrião começará uma longa viagem ao longo da tuba uterina, se dividindo mas não aumentando de tamanho, até chegar no fundo do útero, onde começará a se implantar na parede.
Este processo chamado de nidação (vem de ninho) faz com que as estruturas que se tornarão a placenta começem a produzir um outro hormônio, o HCG (gonadotrofina coriônica humana). Este hormônio é composto de duas partes, a alfa e a beta. Como a parte alfa também está presente em outros hormônios a parte beta é a que será utilizada nos testes de gravidez.
O HCG, ao entrar em contato com a corrente sanguínea da mãe, estimula o corpo amarelo a continuar a produzir a progesterona por mais ou menos quatro meses, quando a placenta assumirá este papel.
Se não há a fertilização, o corpo amarelo regride, para de produzir progesterona e o ciclo recomeça.
O CLOMID
Depois desta aula massante de endocrinologia da reprodução feminina, passamos a entender os efeitos do CLOMID no organismo feminino.
O CLOMID não apresenta na sua composição nenhum hormônio propriamente dito, mas sim um químico que reage com o estrogênio liberado pelos folículos.
Esta reação faz com que o cérebro não reconheça a presença do estrogênio, estimulando cada vez mais o desenvolvimento dos folículos, podendo inclusive mais de um se tornar viável.
Percebam que aqui está a explicação do porquê de terem aumentadas as chances de gestação múltipla.
Quando a mulher interrompe a ingestão do medicamento, por volta do nono dia do ciclo, o estrogênio agora livre chega ao cérebro estimulando a liberação do LH e, a partir daí, o ciclo é praticamente igual aos outros explicados acima.
Embora seja recomendado o uso do CLOMID em mulheres que não ovulam, o tratamento tem sido utilizado em mulheres sem causa aparente de infertilidade.
Por causa dos seus efeitos colaterais que vão de dores, passando por possíveis gestações múltiplas e chegando até a câncer de ovários, o uso deve ser feito SOMENTE com acompanhamento médico, pois nem todos os casos de infertilidade podem ser tratados com o medicamento.
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