Como citei por auto em algum post, a gestação se divide em três etapas bem distintas, coincidentes com os três trimestres (aproximados) que dura.
O primeiro trimestre, que começa a ser contado no primeiro dia da menstruação (conhecido como DUM) encerra com o fim da décima primeira semana. É sem dúvida a etapa mais crítica do desenvolvimento da nova vida, pois é nele que acontecem as divisões celulares, a diferenciação dos órgãos, a fixação do então embrião no útero.
É também o período mais propício para os ditos abortos "espontâneos" pois qualquer coisa de anormal fica potencializada nesta fase.
Chegando neste ponto, e após sucessivos estudos científicos, é quase sempre recomendado as gestantes pelos seus médicos a realização do ultrassom morfológico de primeiro trimestre.
Muita gente faz confusão aqui pois existe também este exame nos outros trimestres, mas com finalidades bem distintas.
O foco deste ultrassom é verificar as condições gerais do agora feto, ou seja, se externamente está tudo bem, principalmente com membros (braços e pernas), placenta, cordão umbilical, dimensões, movimentos fetais.
Mas um exame específico é o principal objetivo desta ultra: a translucência nucal!
Mas o que é isto?
Durante o período de 11 a 14 semanas incompletas, ou seja 13 semanas + 6 dias, o feto apresenta na região da nuca uma área com acúmulo de líquidos.
Obs.: Quando se faz qualquer ultra, tudo que é líquido fica preto na tela, pois não existe eco, principal característica que forma imagens.
Nesse período da gestação, o feto apresenta uma deficiência cardíaca normal para a idade gestacional, que propicia este acúmulo. O ideal para que o exame seja considerado normal é que este valor fique abaixo de 2,5mm.
Depois das 14 semanas o coração passa a funcionar melhor e este líquido tende a sumir ou diminuir drasticamente inviabilizando o exame depois deste período, por isso ele é recomendado no tempo certo.
Outra coisa que também é visualizada neste exame é a presença do osso nasal. Mas o que é que uma coisa tem a ver com a outra?
Da mesma forma que o acúmulo de líquido é um indicativo de um possível problema cromossômico, a ausência do osso nasal tem a mesma idéia. Por isso deve ser feita a análise em conjunto dos dois.
Mas pra que serve o exame?
Estudos indicam que alguns problemas genéticos, principalmente as trissomias (ou seja, quando se tem três cromossomos iguais ao invés de dois que seria o normal), acarretam problemas no desenvolvimento do coração do bebê, potencializando a área de translucência da nuca. Dentre estas trissomias, a mais comum é a do cromossomo 21, mais conhecida como Síndrome de Down.
Todo ser humano dito "normal" apresenta 46 cromossomos, sendo 23 herdados da mãe e 23 herdados do pai. Esses cromossomos formam pares de cromossomos, na realidade 23, sendo 22 pares autossômicos e 1 par sexual. Algumas vezes o pai o a mãe, durante o processo de produção do óvulo ou do espermatozóide, gera gametas com número alterado de cromossomos, gerando na fertilização as trissomias.
Na realidade, as alterações no exame não indicam com certeza o problema, mas amentam as chances de acontecer, o que demandaria exames um pouco mais aprofundados, tais como análise das vilosidades coriônicas (pedacinhos da placenta) ou de análise do líquido amniótico (chamada amniocentese), todos com a finalidade de analisar o cariótipo, ou seja, a carga genética do bebezinho.